Uma das preocupações mais recorrentes de quem se envolve em um empreendimento é a de como produzir e de como comercializar; somam-se a esses desafios os questionamentos: de que forma o meu esforço vai me beneficiar? como continuar quando o apoio acaba?
Com essas questões acumuladas ao longo do acompanhamento das ações da Incubadora de Negócios e Startups do Formação, fomos desenhando a metodologia 3 PI.
Esse desenho ocorreu observando os empreendimentos e empreendedores nas Incubadoras instaladas nos Centros de Ensino Médio e Fóruns da Juventude da Baixada Maranhense.
A primeira fase de um negócio é a definição da ideia. Em seguida, vem o esboço inicial do projeto, estruturação inicial do negócio e início da capacitação. Quando se finaliza essa etapa com êxito, os donos do empreendimento atravessam uma porta que se denomina de primeiro PI (Ponto de Inflexão).
Mas essa fase não se sustenta se não houver continuidade no investimento dele, o que continua ocorrendo na segunda fase do projeto. Nesta fase, a capacitação e os investimentos em equipamentos e insumos continuam, agora a partir de ideias que se consolidam cada vez mais em um plano de desenvolvimento do negócio.
Este plano, parte das ideias de quem empreende, mediadas pela Incubadora e de dados coletados para elaboração da linha de base de famílias envolvidas (baseline). A Incubadora funciona como uma mistura de assessor que mostra possibilidades e coaching/consultor/assistência técnica que faz o conhecimento que está interno a cada um aparecer, fortalecendo autonomias intelectuais locais.
Mesmo com avanços perceptíveis nos projetos, até esse momento da segunda fase, ainda há necessidade de se atravessar uma terceira porta com a consolidação da concepção e confecção das peças, das compras com autonomia (inclusive dos insumos e tecnologias) e das vendas que geram lucro e capital de giro para novos e contínuos investimentos.
Para o detalhamento do negócio e sua estruturação no PDN é adotado (com adaptação) ferramentas atuais como Modelo Canvas de Negócios (Business Model Canvas), para planejamento estratégico que permite desenvolver e esboçar modelos de negócios novos ou já existentes, no âmbito da metodologia 3 PI. Como PI é Ponto de Inflexão, cada ponto de inflexão equivale a uma porta que se atravessa quando conhecimentos novos sobre o negócio e sua estruturação são apreendidos e a visão / compreensão do negócio é expandida.
É como se em cada etapa do negócio empreendedores fossem convidadas a se dedicarem a uma caminhada cuja meta fosse adquirir um tipo de conhecimento que as levassem a outro lugar. Nesse caso, a ideia, via a Incubadora, é a seguinte: cada um que empreende apesar do medo de fazê-lo deve ser gentilmente ajudado, não por muletas, mas pelo desvelamento das suas capacidades. Para isso, o principal papel da equipe do Formação é colocar luz no caminho, sinalizar, fazer com que cada mulher envolvida revele suas capacidades.
Cada etapa do negócio financiado/subsidiado equivale a uma porta atravessada, a um PI.
O desenvolvimento do primeiro PI ocorre, quando potenciais empreendedores são convidados para discutirem ideias de negócio produtivo. Definem o seu investimento a partir de uma ideia. Ao focarem nessa ideia alcançam o primeiro ponto de inflexão, atravessam a primeira porta, o que significa dizer que nessa fase é possível:
– mobilizar-se;
– definir uma ideia;
– elaborar um projeto;
– iniciar processo de capacitação para desenvolvimento da ideia;
– ter o subsídio inicial para estruturação do negócio;
– acompanhamento do início do desenvolvimento do negócio.
As estratégias da segunda fase são voltadas para a travessia de uma segunda porta quando conseguem:
– definição de uma baseline familiar – para referenciar momento atual e metas a alcançar;
– elaboração do Plano de Desenvolvimento do Negócio (PDN);
– apresentação do negócio aos públicos;
– continuidade do processo de capacitação (local e em outros espaços como feiras e mercados);
– ampliação do investimento com aquisição de mais equipamentos e matéria prima para aumentar escala de produção;
– definição de identidade visual;
– definição dos produtos / precificação;
– início das vendas para alcance de meta de arrecadação definida no PDN.
A ideia é continuar o investimento no 3º PI, que equivale a:
– monitoramento do negócio;
– ampliação da escala;
– intensificação da venda em eventos, feiras, condomínios (com envolvimento em rede de negócios e oportunidade de vendas fomentadas e subsidiadas);
– formalização do Negócio;
– construção de espaço próprio (se necessário);
– inserção do negócio em pontos e redes de comercialização.
Com essa metodologia pautamos momentos, aplicamos o conceito de resiliência sem estarmos parados, mas com investimentos contínuos em capacitação – subsídios/créditos e articulação de redes para produção, comercialização e aceleração de negócios.
