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Ilha em Edição 2 marca presença na IV Semana De Audiovisual Negro em Recife-PE

Duas produções do Ilha em Edição 2, projeto realizado pelo Formação, com patrocínio da Equatorial, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, foram selecionados para representar o Maranhão durante a IV Semana De Audiovisual Negro em Recife. 

O evento é um festival independente, promovido por organizações audiovisuais de Pernambuco, com incentivo do Fundo de Cultura de Pernambuco (Funcultura), e tem como objetivo contribuir para o acesso da população negra ao audiovisual, seja como realizadores ou como público. Entre 18 a 23 de março, o festival promoveu a exibição de filmes, atividades formativas e seminários sobre mercado, economia criativa e educação, além de incentivar o debate sobre a população negra e indígena no audiovisual .

Para a realizadora de projetos audiovisuais e coordenadora do Ilha Em Edição 2, Giselle Bossard, participar do evento foi um momento de troca e aprendizado. “Como fazedora de cultura e desenvolvendo a educação audiovisual pelo Formação desde 2006, sinto que estamos no caminho certo e tenho uma imensa satisfação em ver de perto a alegria dos jovens ao assistirem suas produções na telona. A mala volta cheia de memórias construídas e amizades”, disse a produtora destacando, ainda, a importância do Formação nesse processo. “O Instituto Formação iniciou, em 2008, a promoção da participação de jovens em festivais e mostras de cinema no estado do Maranhão e fora dele. Esses jovens já participaram de festivais como o Visões Periféricas, o Guarnicê e o Maranhão na Tela. A participação deles, em Recife, marca a retomada desta troca com a cena audiovisual de festivais e mostras de cinema do Brasil”, conclui Bossard.

Giselle Bossard, Coordenadora do Ilha Em Edição 2, durante fala na IV Semana De Audiovisual Negro

Mais de 70 obras foram selecionadas para o evento, entre elas o curta “Mar.Ina” e o documentário musical  “Nosso Terreiro”,  desenvolvidos durante o projeto Ilha em Edição 2. O ex-aluno de direção de fotografia e edição para cinema Johnny Carvalho destacou o sentimento de satisfação ao exibir as produções no festival. “Essa troca de experiências nos deixou muito empolgados e inspirados, com uma vontade renovada de criar e produzir mais”, disse o jovem produtor, completando que a experiência no evento  foi transformadora e reafirmou sua paixão pelo audiovisual e seu compromisso com a diversidade e inclusão. “Estou ansioso para continuar contribuindo para o fortalecimento e representatividade do audiovisual negro em nosso país. Gostaria de expressar minha gratidão ao Instituto Formação por seu apoio e por reconhecer o potencial do audiovisual maranhense e dos jovens”, enfatiza.

Para a ex-aluna de direção de fotografia Carolina Silva, participar do evento foi uma oportunidade única de representar o Maranhão.  “Nunca imaginei ter essa oportunidade de ir lá e representar o nosso estado com essas produções que representam nossa cultura. E não só representar o Maranhão, mas todas as pessoas que participaram das produções. Foi algo com um peso muito grande. Foi uma experiência muito importante para nossa carreira profissional, aprendemos muita coisa nesse evento e agora podemos trazer para o cinema maranhense”, destaca a ex-aluna.

Já para Fernando Lucas, também ex-aluno do Ilha em Edição 2, do curso de som direto para cinema, essa foi um momento de mostrar o trabalho feito por jovens negros. “Apresentamos as produções feitas por uma juventude negra, da periferia de São Luís, tanto do Quilombo Urbano da Liberdade quanto do território do Maracanã”, disse, acrescentando que o feedback das pessoas também foi algo interessante. “A nossa participação no festival foi enriquecedora. Por ver a percepção do público, ver os comentários deles sobre essas produções, pela troca com outros fazedores do audiovisual de diversos estados, e pela oportunidade de apresentar a tão plural cultura dessas comunidades. Não tem como dimensionar o quão gratificante foi essa participação”, complementa Fernando.

Segundo a diretora do Formação, Regina Cabral, dar protagonismo aos bairros do Maracanã e Liberdade por meio do audiovisual é uma forma de valorizar a realidade maranhense. “Consideramos fundamental exaltar a arte, disseminando a nossa Cultura, toda nossa potencialidade e a nossa ancestralidade”, disse a diretora acrescentando que “o audiovisual para nós representa uma das possibilidades de levar aquilo que é conhecimento, que é realidade de um lugar para muitos outros lugares, por isso continuará sendo sempre uma prioridade para nós. Termos esses jovens realizadores e a coordenação do projeto participando de diferentes festivais que estão acontecendo pelo país, em especial esse festival, é muito importante porque promove um intercâmbio cultural entre os participantes”, finaliza. 

Johnny Carvalho, Giselle Bossard, Carolina Silva e Fernando Lucas

O documentário musical “Nosso Terreiro” 

Filmado no Maracanã durante o batizado do Boi de Maracanã e dia de São João. Com a temática Bumba-Boi, música e fé, o filme apresenta o terreiro de Maracanã, caboclos e encantados brincantes em festa comemorando o dia de São João. O caboclo de pena e sua dança, e o cantador e suas toadas reverenciam as forças da natureza que abençoam a brincadeira. As vivências desses dois jovens nos apresentam as nuances de seu sincretismo religioso.

O curta de ficção “Mar.Ina”

Produzido no Quilombo Urbano Liberdade, é uma paródia-crítica da pequena sereia, vivida por uma menina trans. Marina, que é cazumba, personagem do bumba-boi que também é de entremundos. Um menino da percussão, Nicolas, observa Marina dançando e se interessa. Pega de surpresa, Marina foge sem revelar sua identidade. No outro dia, eles se cruzam, mas Nicolas pensa que a cazumba é outra menina, uma cis. Marina começa a se questionar sobre sua imagem de trans não binária e, como a pequena sereia, “muda de forma”. Suas amigues e seu cazumba (seu alterego) a ajudam a reencontrar suas essências. O filme é dedicado ao Mestre Abel Teixeira, fazedor de caretas e Cazumba do Boi da Floresta, recém-falecido.

Fontes:
https://ma.equatorialenergia.com.br/2023/03/projeto-ilha-em-edicao-2-disponibiliza-cursos-gratuitos-de-audiovisual-para-o-territorio-maracana-e-quilombo-urbano-da-liberdade/

https://imirante.com/entretenimento/sao-luis/2023/09/27/mostra-ilha-em-edicao-exibe-filmes-produzidos-por-jovens-de-grupos-de-bumba-meu-boi