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Atleta brasileira de luta olímpica desenvolve projeto social com meninas na zona rural de São Luís

A trajetória de Aline Silva foi mudada graças ao esporte. De um coma alcoólico aos 11 anos de idade, a atleta de Wrestling (também conhecido como Luta Olímpica), superou diversos obstáculos para disputar duas Olimpíadas. A fim de inspirar novas atletas e promover a igualdade de gênero por meio do esporte e da educação, Aline criou o MEMPODERA, projeto social que oferece aulas gratuitas de Wrestling e Inglês para meninas de 06 a 15 anos. 

O projeto será lançado, nesta quinta (7), às 15h, no Núcleo Comunitário de Esporte e Lazer (NUCEL), localizado na unidade do Maracanã do Campus da Formação Faculdade Integrada (FFI), na comunidade Alegria (Maracanã), e contará com a presença de Aline que veio especialmente a São Luís para promover a iniciativa.  Ao todo, 60 meninas da rede pública de ensino e das comunidades adjacentes irão participar do projeto, que é gratuito.

A iniciativa faz parte da programação de inauguração do Núcleo Comunitário de Esporte e Lazer (NUCEL), coordenado pela Incubadora de Esporte e Cidadania, do Instituto Formação. A finalidade do projeto é contribuir com a inclusão de crianças e adolescentes em ações que potencializam o seu desenvolvimento por meio do esporte, da educação e de vivências de cidadania. Para isso, a estrutura conta com campo de futebol, quadra esportiva e pista de bicicross e de skate, com previsão de finalização até maio.

MEMPODERA

A ideia do MEMPODERA sempre esteve na cabeça de Aline. Desde o começo de sua trajetória esportiva, quando ainda praticava o Judô, a atleta percebeu que 90% dos alunos nos treinos eram homens. Ela não se sentia parte daquele espaço, achava que a luta não era coisa menina. Então sentiu o desejo de mudar essa situação. Neste sentido, a medalhista desenvolveu o Projeto MEMPODERA com o objetivo de difundir o esporte e promover o empoderamento feminino.

Aline representa o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, sendo a primeira atleta do país a conquistar uma medalha em um mundial da categoria.

A atleta conta que esse projeto é uma forma de retribuir tudo que ela conquistou a partir do esporte. “O MEMPODERA é uma maneira de olhar para o esporte como essa oportunidade que me transformou e poder fazer o mesmo na vida de outras meninas”, ressalta.

Aline também fala sobre como é ser uma mulher em um esporte de luta. “O Wrestling ainda não é considerado pela sociedade como algo feito para mulheres e meninas. Mas a gente quer mudar isso. Queremos fazer com que outras meninas e mulheres tenham a chance de ter suas vidas transformadas, de se encontrar em algo que amem e que também ensina e educa para a vida, como eu me encontrei no esporte.  Estamos fazendo isso a partir do MEMPODERA!”, destaca.

Saúde Menstrual

A iniciativa também conta com a distribuição de absorventes ecológicos às meninas. A MEMPODERA, em parceria com a UNIPAR, disponibilizou panfletos informativos sobre saúde menstrual e kits com absorventes de pano reutilizáveis.

No Brasil, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas. Além de privação de chuveiros em suas residências, 4 milhões de meninas sofrem com pelo menos uma privação de higiene nas escolas.

Os dados são da pesquisa “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos”, lançada em maio de 2021 pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

Para uma das diretoras do Instituto Formação, Regina Cabral, Saúde Menstrual é uma questão de Saúde Pública. “Isso sempre esteve na invisibilidade. As meninas sempre tiveram que lidar com isso sozinhas. As vezes nem compartilhando com suas famílias. Imagina quantas meninas sofrem bullying. Imagina quantas meninas abandonam a escola ou não querem nem sair do quarto nesse período. É sobre essa questão que essa iniciativa vai abordar”, destaca.